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Papa Francisco prepara sucessão com posse de 20 novos cardeais

Cerimônia no próximo sábado acontece em meio a especulações sobre o estado de saúde do pontífice.

O papa Francisco, que não descarta renunciar por motivos de saúde, prepara sua sucessão com a posse no sábado, 27, de 20 novos cardeais, 16 deles com direito a voto no conclave para a eleição de seu sucessor. Dois brasileiros estão na lista: Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, e Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília.

O papa de 85 anos convocou todos os cardeais para um encontro inédito de dois dias, que terá início após a cerimônia de posse. Dedicada à reforma da Constituição Pontifícia, aprovada em março e em vigor desde 5 de junho, a convocação de quase 300 cardeais é uma espécie de pré-conclave. Na reunião, será feito um balanço da situação da Igreja após quase 10 anos do papado de Francisco.

A convocação provocou especulações sobre o estado de saúde do papa, que passou por uma cirurgia no cólon em 2021 e sofre com dores no joelho direito que o obrigam a usar cadeira de rodas. Em julho, Francisco não descartou a renúncia em conversa com jornalistas que o acompanhavam durante viagem ao Canadá. "Mudar de papa não seria uma catástrofe. Não pensei nesta possibilidade, mas isso não quer dizer que depois de amanhã não vou pensar. A porta está aberta", afirmou.

Com os novos cardeais, o primeiro o papa latino-americano da história propõe para sua sucessão religiosos que se originam da periferias do mundo, certamente mais abertos, menos acostumados às intrigas da Cúria Romana.

Além do Brasil, a lista inclui nomes de Paraguai, Índia, Cingapura, Mongólia e Timor Leste.

Entre os cardeais com menos de 80 anos e, portanto, com direito a voto em caso de conclave pela renúncia ou morte do papa, estão três latino-americanos: os brasileiros Leonardo Ulrich Steiner e Paulo Cezar Costa e um paraguaio, Adalberto Martínez Flores, arcebispo de Assunção. Um quarto, colombiano, tem mais de 80 anos e não poderá participar da eleição do futuro pontífice.

Ao final de seu oitavo consistório, quase um para cada ano de papado, já que em março do ano que vem completará 10 anos à frente da Igreja, Francisco terá eleito 83 cardeais do total atual de 132 eleitores, ou seja, quase dois terços. Um número determinante em caso de eleição do papa, que exige maioria de dois terços.

Fiel à sua linha a favor de uma igreja mais social, menos europeia, mais próxima dos esquecidos, o papa argentino escolheu ainda dois africanos e cinco asiáticos, incluindo dois indianos, confirmando a ascensão do continente na Igreja.

Entre as nomeações mais notáveis está a do americano Robert McElroy, bispo de San Diego, na Califórnia, considerado progressista por suas posições sobre os católicos homossexuais e o direito ao aborto.

Outra nomeação emblemática é do missionário italiano Giorgio Marengo, que trabalha na Mongólia. Ele será o cardeal mais jovem do mundo, com apenas 48 anos.

Três futuros cardeais ocupam cargos na Cúria, o governo central da Igreja: o britânico Arthur Roche, o coreano Lazzaro You Heung-sik e o espanhol Fernando Vérgez Alzaga, presidente do governo do Estado da Cidade do Vaticano.

Inicialmente escolhido, o belga Lucas Van Looy, de 80 anos, arcebispo emérito de Ghent, pediu a dispensa do título devido a críticas a sua gestão sobre casos de abusos sexuais por membros do clero.

De acordo com o rito, os futuros cardeais se ajoelharão diante do papa para receber o barrete vermelho do cardeal – a cor lembra o sangue que Cristo derramou na cruz. Após a cerimônia no sábado, haverá a tradicional "visita de cortesia" ao Vaticano, que permite aos fiéis se aproximar para saudar os novos cardeais.

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