O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou nesta terça-feira (17) uma acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-ministro da Casa Civil, general da reserva Walter Braga Netto. Os dois serão colocados frente a frente na próxima terça-feira (24), na sede do STF, em Brasília. A acareação faz parte das investigações sobre a trama golpista, que, segundo a PGR, envolveu a entrega de dinheiro pelo ex-ministro ao militar para apoiar a tentativa de golpe de Estado.
Com essa decisão, Braga Netto deixará o Comando Militar do Leste, onde está preso há seis meses, para participar da acareação. Alexandre de Moraes também autorizou o procedimento entre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes. A acareação permitirá o esclarecimento de mensagens e posições divergentes sobre determinados fatos que marcaram o período de crise institucional iniciado nas eleições de 2022.

Ainda de acordo com a investigação, a principal controvérsia a ser esclarecida é a entrega de dinheiro pelo ex-ministro Braga Netto a um militar envolvido no esquema. Mauro Cid disse em depoimento ao STF, em novembro de 2024, que o dinheiro chegou até ele em uma sacola de vinho, e que ele o guardou ao lado de sua mesa para ninguém notar. Ele acrescentou que o dinheiro teria sido obtido pelo ex-ministro junto ao “pessoal do agro”, embora ele não tenha se lembrado do dia, do horário nem do local exato da entrega.
Em seu próprio depoimento, Braga Netto negou ter realizado essa entrega de dinheiro. Ele disse que Cid o procurou pedindo recursos, ele o orientou a entrar em contato com o tesoureiro do PL, coronel Azevedo, e depois ficou sabendo que o pedido não seria atendido. Braga Netto ainda enfatizou que não fez a ligação junto ao “agro” para atender ao pedido e que, depois da avaliação do tesoureiro, o assunto chegou ao fim. Ele também disse que não teve envolvimento na organização de um golpe de Estado.
Ainda nesta terça-feira, o advogado de um dos réus, Marcelo Câmara, solicitou ao STF a anulação da delação de Mauro Cid. Ele citou mensagens compartilhadas pelo perfil de Instagram da mulher de Cid como sendo uma forma de ele vazar detalhes de seu depoimento. Cid, no entanto, negou ter utilizado o perfil para se comunicar. Moraes também autorizou outras diligências, como perícia na minuta do golpe compartilhada pelo Google e nas mensagens da Polícia Federal sobre as urnas eletrônicas, e aceitou a inclusão de documentos apresentados pelo ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira.
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