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Líder da direita em Portugal anuncia investigação contra Gilmar Mendes

André Ventura relacionou Gilmar Mendes ao Governo Lula, que ele classificou como uma "ditadura".

O presidente do partido português Chega, André Ventura, anunciou neste fim de semana que a sigla irá conduzir uma investigação independente sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, Gilmar Mendes. O objetivo, segundo Ventura, é apurar a suposta influência política, o patrimônio e a rede de interesses do magistrado em Portugal.

Em publicação nas redes sociais, Ventura relacionou Gilmar Mendes ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ele classificou como uma "ditadura". O político português, conhecido por declarações polêmicas contra o presidente brasileiro e seus aliados, afirmou que figuras próximas a Lula estariam “aparando golpes” em território português.

Foto: Gustavo Moreno/STFMinistro Gilmar Mendes
Ministro Gilmar Mendes

“Depois de milhares de denúncias recebidas, o Chega irá fazer uma investigação própria à influência, património e rede de interesses do ministro do STF Gilmar Mendes, em Portugal. Todos sabemos que o Governo Lula e os seus amigos tiveram e ainda têm em Portugal um lote grande de...”, publicou Ventura.

Não é a primeira vez que André Ventura ataca diretamente o governo brasileiro. Durante a campanha eleitoral em Portugal, em novembro de 2024, chegou a declarar que prenderia Lula caso fosse eleito primeiro-ministro. Em outra ocasião, afirmou que proibiria o presidente brasileiro de entrar no país, justificando que “Portugal já tem corruptos demais”.

A nova ofensiva do líder do Chega acontece a menos de 20 dias da edição deste ano do Fórum Jurídico de Lisboa, evento organizado pelo ministro Gilmar Mendes por meio do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), do qual é sócio-fundador. Apelidado informalmente de “Gilmarpalooza”, o evento costuma reunir autoridades brasileiras e portuguesas, além de nomes do setor empresarial.

Este ano, seis ministros do STF já confirmaram presença como palestrantes: Luís Roberto Barroso (presidente da Corte), Alexandre de Moraes, André Mendonça, Dias Toffoli, Flávio Dino e o próprio Gilmar Mendes.

A participação de representantes do banco BTG Pactual também chamou atenção. Três executivos da instituição — a sócia Bruna Marengoni, o diretor jurídico Bruno Duque e o chairman André Esteves — vão participar do fórum. Esteves chegou a ser preso por ordem do STF, mas o processo foi posteriormente arquivado por falta de provas.

Outras empresas privadas com ações em andamento no Supremo, como Light, Eletrobras e o Grupo Yduqs, também terão representantes no evento.

A organização do Fórum afirmou, em nota, que a presença de executivos ocorre “exclusivamente na condição de palestrantes convidados para contribuir com discussões temáticas de interesse público e sem quaisquer contrapartidas”. A escolha dos nomes segue critérios “de relevância acadêmica e técnica” definidos por uma curadoria “plural e independente”. O BTG, por sua vez, declarou que não patrocina o evento e que é convidado regularmente para fóruns do tipo por sua atuação de referência no setor financeiro.

O Fórum de Lisboa tem se consolidado como uma vitrine de articulação entre Judiciário, Executivo, empresariado e academia, sendo frequentemente alvo de críticas sobre possíveis conflitos de interesse — especialmente quando envolve ministros com poder decisório em ações judiciais nas quais empresas participantes são partes interessadas.

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