Com o final desse ano que se encerrou nesta quinta-feira (31), algumas pessoas passaram o Réveillon com a ausência de algum familiar, pois mesmo com o isolamento social causado pela pandemia da covid-19, a criminalidade e a falta de segurança que se estende por Teresina, principalmente nas áreas mais carentes da cidade, tiraram a vida de 16 pessoas que foram vítimas de latrocínio – roubo seguido de morte – em 2020.
O Supremo Tribunal Federal (STF), define bem o crime e pontua que mesmo sem subtração de algum bem material da vítima, o homicídio realizado durante situação de assalto é considerado latrocínio. “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima”.
A situação que leva a concretização do latrocínio ocorre em alguns casos, durante um momento de tensão da vítima, que reage a ação criminosa, ou quando, por medo mesmo, tenta fugir para se livrar de criminosos.
Essas situações ocorreram com o vigia Francisco Alves do Carvalho, de 56 anos, que foi morto quando voltava de seu trabalho e estava indo para casa descansar, no bairro Parque Alvorada; com o jovem Augusto Matos Alves de 17 anos, que tentou correr para dentro de sua residência ao ser abordado por assaltantes na Vila Irmã Dulce, mas perdeu a vida com um tiro.
A mesma coisa também aconteceu com o porteiro Antônio Pereira da Cunha, 40 anos, que morreu esfaqueado quando estava indo em sua residência apenas deixar o jantar de sua filha, dois pedaços de pizza. A criminalidade também atingiu o idoso Diógenes Fernandes de Melo, 72 anos, que morreu na frente de sua filha em um assalto e também com o empresário Ailton Dantas Saraiva, de 71 anos, um simples proprietário de uma fábrica de velas e que apenas tentou se livrar de um criminoso o qual tentou tomar seu aparelho celular.
Policiais mortos em assaltos
Até mesmo os agentes da Segurança Pública, que cuidam do policiamento da cidade e tiveram treinamento para atuar contra a criminalidade, foram vítimas de latrocínio neste ano. Esses casos causaram repercussão como a morte do soldado Lídio Mesquita, 37 anos; do sargento Marcos Roberto; do capitão Adonias e do soldado Frantiaiallo Gonçalves Pereira Silva.
Pandemia não reduziu os índices de latrocínio
Muito embora tenha ocorrido um aumento no número de casos em 2020, a resolutividade das investigações pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) teve aspecto positivo. Dos dados avaliados na zona sul de Teresina, onde houve seis latrocínios, quatro inquéritos resultaram nas prisões dos envolvidos nos crimes.
A prisão mais recente foi a do acusado de assassinar Ailton Dantas, resultado de um esforço conjunto entre os investigadores do Departamento de Homicídios com o apoio da população, que denunciou o paradeiro do acusado, foragido desde a data do crime, em agosto deste ano.
O delegado Danúbio Dias, que recentemente contou com o apoio de denúncias da população para prender um dos acusados de matar o senhor Ailton Dantas, reforçou o papel da sociedade no auxílio à Polícia Civil.
“O crime ocorre nas ruas, no meio de uma comunidade, que testemunha, presencia e vivencia o crime e as consequências dele. A polícia, obviamente, tem os métodos de investigação e os meios de obtenção de provas legítimas, mas esses meios, sem um direcionamento, eles são muito amplos, se não soubermos o que procurar fica difícil alcançar um objetivo. Quando o crime ocorre no meio da sociedade e a população direciona a polícia, nos passa as informações, nós filtramos e trabalhamos com a eficiência dos métodos que nós temos, e é mais fácil obtermos sucesso, por isso é importante a sociedade na resolução dos crimes, pois eles não ocorrem fora da sociedade, eles são um reflexo dos atritos sociais que ocorrem na sociedade", disse o delegado Danúbio Dias, que é responsável pelas investigações de homicídio na zona sul de Teresina.
Assim ocorreu a prisão de um dos suspeitos de matar Ailton Dantas Saraiva: "nesse caso, foi a sociedade, foi a população que nos direcionou para que nós fizéssemos um esforço concentrado naquele objetivo, obviamente, sem a ajuda da população a polícia até descobre, como recorrentemente a gente esclarece os crimes, mas não com a agilidade que se tem feito, quando a população ajuda, isso é fundamental”, pontuou o delegado.
No dia 10 de janeiro, por volta de 23h, um jovem conhecido como Corró, de aproximadamente 25 anos, foi assassinado e outro identificado como Antônio da Silva Moura foi atingido com disparos de arma de fogo durante uma tentativa de assalto no bairro Vila Operária, zona norte de Teresina.
18 dias depois, o vigia Francisco Alves do Carvalho, de 56 anos, foi assassinado com um tiro no peito nas primeiras horas do dia 28 de janeiro, após reagir a um assalto no bairro Parque Alvorada, zona norte de Teresina.
Fevereiro
O mês de fevereiro não registrou ocorrências de latrocínio.
Março
No dia 1º de março, Teresina registrou o primeiro caso de latrocínio contra um policial militar em 2020. A vítima foi o cabo Raimundo Alves de Oliveira, de 50 anos, que foi assassinado com três tiros durante tentativa de assalto na porta de casa, na Rua Natal, no bairro Novo Horizonte, zona sudeste de Teresina.
No dia 30 de março, um jovem identificado como Augusto Matos Alves, de 17 anos, foi assassinado com um disparo de arma de fogo durante um assalto na Vila Irmã Dulce, zona sul de Teresina. O rapaz estava próximo a sua residência e tentou fugir dos assaltantes.
Um porteiro identificado como Antônio Pereira da Cunha, 40 anos, foi assassinado com um golpe de faca no pescoço, na noite de 29 de março, no bairro Morros, zona leste de Teresina, por dois adolescentes e um adulto, que o abordaram próximo de sua casa, onde ele deixaria dois pedaços de pizza para sua filha, por volta de 20h.
Abril
No dia 19 de abril, um idoso identificado como Diógenes Fernandes de Melo, 72 anos, sogro de um cabo do 8º Batalhão da Polícia Militar do Estado do Piauí, foi assassinado ao reagir a um assalto no conjunto Frei Damião, zona sudeste de Teresina. Na mesma ação, a filha dele, que é esposa do PM, foi baleada.
Maio
Um empresário identificado como Francisco Fernandes da Silva, 63 anos, foi assassinado ao reagir a um assalto na noite de 9 de maio no conjunto Taquari, região do bairro Vale Quem Tem, zona leste de Teresina.
Junho
No dia 25 de junho, morreu o fiscal da empresa CTA, identificado como Francisco Jackson da Silva Araújo, 32 anos, que havia sido baleado no peito em uma tentativa de assalto, próximo ao Cemitério São José, zona norte de Teresina. Ele chegou a dar entrada com vida no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), mas veio a falecer.
Julho
No dia 7 de julho o empresário Ailton Dantas Saraiva, de 71 anos, foi assassinado a tiros em um assalto no bairro Lourival Parente, zona sul de Teresina. Ele teria esboçado apenas uma reação para tentar se livrar de um bandido e acabou sendo alvejado com dois tiros.
15 dias depois, mais um policial militar foi alvo da criminalidade. O soldado Lídio Roberto de Sousa Mesquita, lotado no 13º Batalhão da Polícia Militar do Piauí, foi assassinado com um disparo de arma de fogo na cabeça durante assalto na Rua Londrina, na Vila São Francisco, situado na zona norte de Teresina.
Agosto
Ainda em julho, outro PM foi vítima de latrocínio. O capitão Adonias Pedreira dos Santos Lopes foi baleado em um assalto no bairro Primavera, na zona norte de Teresina. A vítima chegou a dar entrada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), apresentou melhora, mas não resistiu e morreu no dia 4 de agosto deste ano.
Entre julho e agosto, todas as vítimas de latrocínio foram agentes da Segurança Pública. Ainda no dia 4 de agosto, o sargento Marcos Roberto Freitas, foi assassinado a tiros durante assalto no bairro Porto Alegre, localizado na zona sul de Teresina.
No dia 28 de agosto, um PM do Maranhão, idenfiticado como Frantiaiallo Gonçalves Pereira Silva foi assassinado a tiros em frente a Jelta Veículos, na Avenida João XXIII, na zona leste de Teresina. A vítima estava esperando sua noiva, quando criminosos tentaram assaltar o soldado. Ele tentou sacar sua arma e foi surpreendido com um disparo de arma de fogo.
Setembro
Setembro não registrou ocorrências de latrocínio.
Outubro
Outubro não registrou ocorrências de latrocínio.
Novembro
No dia 2 de novembro, o caseiro do deputado Carlos Augusto, identificado como Manoel Mendes Frazão, de 67 anos, foi assassinado com dois tiros durante um assalto no povoado Boa Hora, zona rural de Teresina. A vítima estava bebendo em um bar quando foi abordada pelos criminosos que chegaram em um carro e anunciaram o assalto.
No dia 20 de novembro, um mecânico identificado como João Marcos foi assassinado durante uma perseguição a assaltantes na Avenida Airton Senna, localizada no bairro Porto Alegre, zona sul de Teresina. A vítima tinha apenas 27 anos.
Dois criminosos realizaram arrastão em um bar situado no bairro Santa Clara, onde estavam a vítima e outros clientes. Na ação criminosa, foram levados vários objetos, inclusive o celular de João Marcos e uma motocicleta de modelo Biz da esposa do dono do estabelecimento. Após o assalto, João Marcos e o proprietário do bar foram atrás dos bandidos utilizando um carro de modelo Celta.
Dezembro
O último caso de latrocínio ocorrido neste ano teve como vítima um ex-policial militar identificado como Genivaldo Vieira da Silva, de 48 anos, foi assassinado a tiros durante um assalto no dia 28 de dezembro, na Rua Thomaz Tajra, bairro Planalto Ininga, zona leste de Teresina.
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