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Teresina - Piauí

Testemunha diz que PMs do 13º BPM não atiraram em comerciário

Em depoimento, a testemunha disse que o disparo fatal foi efetuado por um policial à paisana.

Na manhã desta segunda-feira (04), o delegado Robert Lavor, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), voltou a ouvir testemunhas do caso do comerciário Candido Constâncio de Souza Filho, morto com um tiro na cabeça, na noite do dia 28 de setembro, durante uma ação policial na Santa Maria da Codipi, zona norte de Teresina.

Uma das testemunhas, que estava no comércio onde o funcionário foi morto, que preferiu não se identificar, concedeu entrevista ao GP1 e negou que o disparo que tirou a vida de Cândido Constâncio tenha sido efetuado pelos dois policiais militares do 13º BPM, que estão presos. A testemunha afirmou que o disparo fatal foi, segundo ela, efetuado por um policial à paisana, não identificado até o momento, e que chegou no local durante a abordagem a um acusado de assalto.

Foto: Alef Leão/GP1Testemunha presta depoimento no DHPP
Testemunha presta depoimento no DHPP

“Eu estava muito próxima da porta do comércio, então eu tive chance de correr e entrar mais rápido. No momento que eu vi, quem estava atirando primeiro era a pessoa que estava à paisana, não foram os dois policiais fardados. Quem começou a sequência de tiros foi o policial à paisana. O primeiro disparo foi o fatal, depois começou outra sequência e, em seguida, os policiais passaram correndo atrás atirando novamente. Ele [policial à paisana] estava em uma posição mais fácil de começar a atirar e os outros policiais estavam de outro lado, não tinha como eles começarem a atirar nas pessoas. Eu vou registrar isso em depoimento formal”, declarou.

Recolhimento das munições do local

A testemunha também afirmou que o próprio policial à paisana recolheu os estojos das munições que foram deflagradas nas proximidades do local onde o comerciário foi atingido pelo tiro. “Foi o policial sem farda, foi ele quem recolheu, tão tal que nas câmeras dá para perceber, ele vai até o local onde o rapaz está morto, volta e fica rodando na rua procurando”, pontuou.

A abordagem policial

Ela ainda deu detalhes de como ocorreu a abordagem policial e logo depois a perseguição que terminou com a morte do comerciário na Santa Maria da Codipi. Segundo ela, o acusado de assaltonque foi abordado pelos PMs estava com o padrasto, a mãe e a irmã quando ele fugiu e deu início a perseguição.

“A gente tinha uma visão bem clara do que estava acontecendo no momento, eles já estavam com mais de meia hora com uma pessoa abordada, acusada de assalto. A gente estava muito próximo. Estava ele [acusado de assalto] e o padrasto abordado. O padrasto foi liberado e ficou só ele no chão. Em seguida, chegou a mãe e a irmão dele e o padrasto também ficou, eram quatro pessoas da família no local. Quando esse policial à paisana chegou, ele [suspeito] correu e a mãe dele ainda gritou para ele não correr, foi aí que a gente olhou para o local, só que quando a gente olhou já teve o primeiro disparo”, finalizou.

Investigações

Ao GP1, o delegado Robert Lavor afirmou que a investigação ainda está na fase de oitiva de testemunhas e que aguarda o resultado de exames periciais nas armas dos policiais, assim como o resultado do exame cadavérico que foi solicitado ao Instituto de Medicina Legal (IML).

Foto: Alef Leão/GP1Delegado Robert Lavor do DHPP
Delegado Robert Lavor do DHPP

“Com esses objetos a gente consegue fazer todo e qualquer exame pericial para individualizar a autoria, se aquele disparo partiu da arma dos dois policiais que estavam trabalhando ou se foi desse terceiro indivíduo que também pode ser policial, esse que ainda não foi identificado até esta data, a gente ainda não tem o nome dele, que é dito pelas testemunhas, e que também aparece na imagem. A investigação, com certeza, vai investigar os três, apontar o autor do disparo e também eventuais delitos que podem ter ocorrido como alteração da cena do crime e recolhimento de estojos”, ressaltou o delegado.

Prisão dos dois PMs do 13º BPM

O juiz Raimundo José de Macau Furtado, da 9ª Vara Criminal de Teresina, decretou a prisão preventiva do cabo André dos Santos e do soldado Gilderlan Pereira, envolvidos na ocorrência policial que terminou com o comerciário Cândido Constâncio de Souza Filho morto com um tiro na cabeça, na noite da última terça-feira (28), no bairro Santa Maria da Codipi, zona norte de Teresina.

A prisão foi decretada durante audiência de custódia realizada por videoconferência, às 8h30 desta sexta-feira, 1º de outubro, no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Piauí e os dois praças foram conduzidos para o Presídio Militar.

Relembre o caso

Um tiroteio deixou um homem identificado como Cândido Constâncio de Souza Filho, 41 anos, morto na noite dessa terça-feira (28), por volta de 20h30, nas proximidades do Residencial Dilma Rousseff, região da Santa Maria da Codipi, zona norte de Teresina. A vítima trabalhava em um comércio na região, quando foi atingida com uma bala perdida, depois que um suspeito de roubo empreendeu fuga da PM.

Conforme a major Elizete, comandante do 13º Batalhão da Polícia Militar, a pessoa que morreu não tinha envolvimento com a vida do crime. “Nós estávamos completando 52 dias sem homicídios na Santa Maria da Codipi, mas, infelizmente, ontem houve um homicídio na região. Um cidadão que não tinha envolvimento com crimes foi atingido com um disparo de arma de fogo durante uma ocorrência policial”, informou a major.

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