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Associações forjaram mortes para lavar dinheiro do INSS, diz Polícia Federal

Os repasses entre 2022 e 2024 custearam quase 9 mil enterros, o que equivale a 19 mortes de por dia.

A Polícia Federal (PF) descobriu um esquema que usava uma funerária para simular mortes de aposentados e lavar dinheiro de descontos indevidos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A empresa em questão é a Global Planos Funerários, que recebeu quase R$ 35 milhões da Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas (Caap) e mais de R$ 2 milhões da Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen). O empreendimento teve o CNPJ encerrado em 01 de abril deste ano e no dia 23, se tornou alvo de operação da PF.

O portal de notícias Uol mostrou, em reportagem, que os repasses entre 2022 e 2024 serviriam para custear quase 9 mil enterros, o que equivale a 19 mortes de associados por dia, número considerado incompatível com a realidade. Contudo, as entidades mantiveram a mesma base de contribuintes ativos no sistema do INSS.

As duas associações possuem sede no Ceará e estão no centro da investigação sobre a fraude no INSS. Assim, a Justiça Federal autorizou buscas nas empresas das associações e determinou o bloqueio de cerca de R$ 150 milhões da Caap e da Global, bem como uma quantia superior a R$ 200 milhões da Aapen. As transferências para a funerária começaram em novembro de 2022, dois meses depois de a Caap firmar convênio com o INSS para aplicar os descontos.

Foto: Alef Leão/GP1Viatura da Polícia Federal
Viatura da Polícia Federal

A Global pertence a José Lins Neto, ex-presidente da Caap e ligado à Aapen. Ao todo, a funerária repassou R$ 12 milhões para a Clínica e Laboratório Máxima Saúde Ltda, que tem entre os sócios o genro de Maria Luzimar Rocha Lopes, tesoureira da Aapen. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostrou que Maria recebeu R$ 700 mil em transações suspeitas.

No ano de 2024, a Caap contava com 265 mil beneficiários com descontos diretos no INSS e a Aapen, mais de 380 mil, sendo que todos teriam autorizado os descontos em 2023, visto que em 2022 não havia nenhum. Contudo, uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) entrevistou, por amostragem, 210 aposentados da Aapen, os quais nenhum confirmou ter autorizado o desconto, já na Caap, só um entre 215 disse ter autorizado. Assim, de 2019 para cá, a Aapen arrecadou mais de R$ 80 milhões com os descontos e a Caap, quase R$ 50 milhões.

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