Nesta quinta-feira (29), o cantor MC Poze do Rodo foi preso por apologia ao crime. Segundo Felipe Curi, secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, a função do cantor seria enaltecer a facção Comando Vermelho.
"Os moradores não conseguem ter seu descanso no fim de semana porque vem essa ideologia, essa narcocultura do Comando Vermelho, travestida de música, para enaltecer a facção. E ele estava lá cumprindo esse papel. Essa é a função dele na facção criminosa CV", disse Felipe.

Já Fernando Henrique Cardoso, advogado de Poze, afirmou que “essa é uma narrativa antiga e já debatida”, além de alegar que pedirá a liberdade do cantor.
Após a prisão, Curi citou, em entrevista coletiva, o show de Poze na Cidade de Deus, no último dia 19, que contou com a presença de traficantes armados.
Músicas que enalteciam a facção criminosa teriam sido cantadas por Poze horas antes da morte do policial civil José Antônio Lourenço, durante uma operação policial na comunidade. Lourenço era integrante da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais).
“Na véspera da morte do nosso policial, ele estava fazendo uma manifestação de apologia, de disseminação e dominação da facção Comando Vermelho na Cidade de Deus, com dezenas e dezenas de fuzis para o alto, em uma grande afronta a toda a sociedade. Não é só uma afronta à polícia, é a toda a sociedade e aos moradores de bem daquela favela, que são oprimidos por esses marginais”, disse Curi.
“Olhar esses eventos que se dizem shows de acordo com a ótica do morador”, afirmou o subsecretário de Polícia, delegado Carlos Oliveira.
“As pessoas no entorno desses eventos são seres humanos com seus afazeres e problemas. Tem gente doente, mulheres grávidas, crianças e adultos com problemas de natureza comportamental que precisam de tranquilidade, e isso não é considerado. A gente espera que as pessoas tenham isso em conta ao fazerem sua análise”, completou o delegado, referindo-se aos moradores de favelas que vivenciam a perturbação do sono.
Marlon Brendon Coelho Couto, conhecido como Poze, foi detido por policiais civis da Delegacia de Repressão a Entorpecentes. O mandado de prisão temporária de 30 dias, expedido pela Justiça, foi cumprido após evidências de que os shows realizados pelo artista seriam financiados pelo Comando Vermelho.
De acordo com as investigações, o repertório das músicas incita confrontos armados entre facções, faz apologia ao tráfico de drogas e ao uso ilegal de armas de fogo.
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