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Política

Gilberto Kassab vai recorrer para manter alinça com PT em Belo Horizonte

Prefeito e presidente do PSD promete "ir até o fim" na disputa com o diretório do partido de Belo Horizonte, contrário à coligação.

O prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, avisou a dirigentes da sigla em Minas que vai recorrer "até a última instância" da decisão judicial, em caráter liminar, que retirou o partido da coligação do candidato do PT à Prefeitura de Belo Horizonte, Patrus Ananias.

"O Patrus vai contar com o apoio e o tempo de televisão do PSD na campanha municipal", disse Kassab, na expectativa de derrubar, no mérito, a decisão do juiz eleitoral Rogério Alves Coutinho. Um interlocutor do prefeito avalia que, fora dos limites de Minas e do poder de influência do senador Aécio Neves (PSDB-MG), mais ilustre apoiador da reeleição de Marcio Lacerda (PSB), será mais fácil garantir na Justiça a parceria com o PT.

"Pois que recorra. Justiça é para isto mesmo", desafiou o presidente do PSDB de Minas, deputado Marcus Pestana. "Nossos advogados estão convencidos de que a decisão é sólida e irreversível, ainda que em caráter liminar, o que transforma a intervenção de Kassab em um gesto inoportuno e politicamente inócuo."

Estatuto. A despeito da segurança que Kassab manifesta quando aposta que conseguirá manter o PSD com o PT, amigos do prefeito reconhecem que a primeira-vice-presidente do PSD, senadora Kátia Abreu (TO), tem razão quando diz que a intervenção foi ilegal. Afinal, o estatuto diz que só a Executiva nacional, composta por 25 dirigentes, tem poderes para intervir em diretórios municipais.

Um deles até saiu à caça de alguma brecha que pudesse amparar a atitude de Kassab, mas não encontrou nenhum dispositivo. Isso significa que o prefeito não poderia anular a convenção e a manifestação da Executiva municipal de Belo Horizonte, que deliberou o apoio a Lacerda, contando com uma aprovação posterior da direção nacional. A conclusão é que ou a Executiva nacional faz uma reunião e delibera, ou a intervenção foi legalmente inexistente. Ainda que a Justiça dê a palavra final contra a ação de Kassab, outros dirigentes do PSD tentam convencer Kátia Abreu de que a atitude do prefeito era necessária para mostrar que a sigla não é uma legenda subalterna que deve obediência a Aécio.

Até porque não está descartada desde já uma aliança com o PSDB para a disputa do governo mineiro em 2014. A intenção de Kassab ao intervir em Belo Horizonte foi agradar à presidente Dilma Rousseff, de olho no comando de um ministério a partir de 2013, quando deixar a Prefeitura.

Se isso ocorrer, Kassab deve deixar a presidência do partido para Kátia Abreu. Esta é uma das principais razões para a senadora rejeitar o convite do vice-presidente Michel Temer para ingressar no PMDB.

E, neste cenário, até o maior opositor de Kassab no embate interno - o deputado e secretário de Gestão do governo de Minas, Alexandre Silveira, que luta na Justiça para manter a parceria com Lacerda e o PSDB - pode sair ganhando. Depois do confronto com Aécio agora, o PSD julga que terá força para negociar a vaga ao Senado para Silveira numa eventual composição estadual com os tucanos em 2014. "Queremos que o Kassab nos chame para reconhecer o equívoco que ele cometeu em Belo Horizonte. Não queremos um partido que tenha dono", afirmou Silveira.
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