Líder feminista assassinada tinha sido autuada por juiz por não fornecer endereço de filha perseguid

Assassinada por dois motoqueiros até agora não identificados, que atiraram na sua cabeça na manhã do dia 30 de janeiro deste ano, dentro da Adapi, seu local de trabalho em Santo Antônio de Lisboa, a líder feminista e de trabalhadoras rurais Francisca Iones de Sousa, de 45 anos, havia sido autuada por crime de desobediência pelo juiz Franco Morette Felicio de Azevedo, por ter se recusado a fornecer o endereço em que sua filha Patrícia de Sousa Carvalho se encontrava escondida do marido José Moacir de Sousa.

No dia 13 de janeiro de 2012, em Francisco Santos, o juiz Morete ouviu Iones de Sousa.
No termo de audiência, realizada no inicio da tarde daquele dia, tem o seguinte relato: "após cientificação dos objetivos da audiência, foi determinado à pessoa presente que informasse o endereço completo de sua filha Patrícia de Sousa Carvalho a fim de viabilizar a ordem de busca e apreensão dos filhos de José Moacir de Sousa, injustamente retidos pela genitora, tendo a mesma se recusado terminantemente a informar o endereço alegando desconhecimento. Entretanto, considerando que nos autos há notícia de que a mesma esteve durante o último período natalino junto a sua filha na cidade de Teresina, foi novamente requisitado o endereço necessário para execução da liminar de busca e apreensão, alertando-a das penas do crime de desobediência em caso de recusa ou de inexatidão proposital das informações prestadas, bem como da sujeição da multa diária de 100 reais, mas Francisca Iones ainda assim permaneceu calada. Ato contínuo, o MM juiz exarou o seguinte despacho: "diante da recusa injustificada da Sra. Francisca Iones em fornecer o endereço de sua filha para fins de cumprimento de medida de busca e apreensão, claramente obstruindo a justiça, determino a condução da pessoa presente ate a delegacia regional de Picos, requisitando-se da autoridade policial a abertura de procedimento investigativo pelo crime de desobediência previsto no art.330 do CP".

Escondida até hoje sob a proteção de amigos e do estado, Patrícia, a filha da líder morta, conversou com este repórter e passou a cópia do despacho do juiz com o seguinte comentário: "Minha mãe passou por tudo isso para proteger a mim e a meus filhos e terminou assassinada brutalmente. Qual foi mesmo a obstrução da justiça que ela cometeu? Ela foi uma mulher corajosa, que não recuou em nenhum momento".


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