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Colunista Feitosa Costa
GP1

Rejeição a médicos estrangeiros é ridícula e desrespeita principios humanitários


Imagem: ReproduçãoClique para ampliarPrograma Mais médicos(Imagem:Reprodução)Programa Mais médicos
É ridícula e muito pequena essa rejeição à vinda de médicos estrangeiros, principalmente os cubanos, para executar o programa "Mais Médicos" implantado pelo Governo para cobrir deficiências nos mais abandonados pontos do país. No Ceará, um médico invejoso chegou a invadir uma sala onde se fazia uma preleção para os colegas recém-chegados do exterior, mostrando a intolerância de parte de uma classe que tem representantes que se recusam terminantemente a prestar seus serviços junto a populações mais remotas, alegando que os salários, geralmente acima de R$ 10 mil, são pequenos.

O Governo está certo! Precisava fazer alguma coisa urgentemente para combater esse verdadeiro crime que é uma comunidade distante não ter acesso a um único profissional que lhe possa receitar um comprimido com o mínimo de segurança. A fúria maior é contra os cubanos. Quero acreditar que isso não se deva ao fato de que os compatriotas de Fidel sejam formados sem a visão mercantilista que caracteriza a maior parte dos profissionais que deixam hoje as faculdades de medicina do Brasil.

Os cubanos vão atender em locais onde nunca pisou um médico brasileiro, vão ficar junto às populações mais sofridas, não vão tirar emprego de alguns intolerantes cuja reação envergonha qualquer ser humano que respeite o outro. Parece uma xenofobia que espalha um sentimento muito diferente dos propalados pelos cristãos. Afinal de contas qual é o mal que causa um médico estrangeiro que aceita trabalhar em condições adversas, por pouco dinheiro, num lugarejo que desde sua formação nunca viu um homem de jaleco branco formado numa faculdade reconhecida?

Fui um grande admirador de Fidel Castro até o dia em que acreditei que ele preparava as estruturas de seu país para torná-lo livre e democrático. Infelizmente isto não aconteceu: os guerrilheiros de Sierra Maestra derrubaram Fulgêncio Batista, mas implantaram uma ditadura terrorista que não admite contestações internas e impõe as piores restrições ideológicas aos seus quadros mais intelectualizados. Não posso deixar de registrar, porém, que seus médicos são formados com um conteúdo social muito forte.

Ser humano é ser humano aqui no Brasil ou nas mais distantes regiões da China e merecem um mínimo de assistência dos governos de suas terras. Dilma ouviu o pedido de Socorro da população e tinha de fazer alguma coisa. E fez.

Agora vêm entidades de classe, representantes do judiciário e até do Ministério Público contestar uma medida humanitária, em favor da população, só porque alguns bonitinhos estão com medo da concorrência ou da demonstração dos estrangeiros de que a medicina em seu país deve ser acima de tudo um compromisso.

Comportamento menor pode até existir, mas rejeitar pessoas que se dispõem a deixar seu país para cuidar de doentes em pontos do mundo que nunca ouviram falar é demais.

E não venham com essa história de que Dilma quer ganhar votos com isso. E se for verdade, qual é o problema? Ganhar votos tomando atitudes é muito mais digno do que ser omisso.

A verdade é que tem muito "bonitinho" que se acha importante demais para pisar nas palafitas da periferia de Manaus, nas ruas de terra do Pirambu, em Fortaleza, nas favelas do Rio e em muitos outros locais que o próprio Governo de Dilma afirma que não existe pobreza mas existe.

Quero avisar aos mais precipitados que ainda não sei em quem vou votar para Presidente da República. Só garanto que o meu voto será para quem tiver coragem pessoal e comprovadamente mais respeito pelo ser humano.


*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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