Adalgiza Maria Dourado, de 65 anos, detida na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia, relatou ter sido coagida a assinar um documento dentro da unidade prisional. A denúncia foi feita em videoconferência com seu advogado nesta sexta-feira (25). Segundo a presa, a pressão partiu de uma psicóloga da unidade, com apoio de uma policial penal. No momento da assinatura, os advogados de defesa não estavam presentes.
De acordo com o relato, esta não seria a primeira irregularidade envolvendo a psicóloga citada. A defesa afirma que a profissional já havia assinado anteriormente um documento da chamada "Junta Médica" sem estar presente no atendimento, o que levanta suspeitas sobre a regularidade dos procedimentos adotados na penitenciária.

Adalgiza também relatou ter sofrido uma queda dentro da Colmeia, ocasionando dores intensas nas costas, ombro e quadril. Apesar das queixas, a detenta afirma que não recebeu atendimento médico adequado, sob a justificativa de ausência de profissionais de saúde durante o recesso do feriado da Páscoa. A administração da unidade, em vez de fornecer os medicamentos necessários, teria entregue à irmã de Adalgiza um pedido de compra de remédios — responsabilidade que, segundo a defesa, cabe ao sistema prisional. Documentos e cópias desse pedido foram anexados à denúncia.
O relatório médico apresentado pela administração também é alvo de questionamentos. De acordo com a defesa, apenas a médica da família teria comparecido no atendimento registrado, enquanto a psicóloga e o enfermeiro que assinaram o documento não participaram da consulta. As imagens do circuito interno da penitenciária estariam sendo utilizadas como prova pela defesa.
Adalgiza está presa em razão de seu suposto envolvimento nos atos do dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Segundo o advogado Luiz Felipe Cunha, responsável pela defesa, a cliente tem sido submetida a “tratamento desumano” dentro da unidade. Luiz Felipe informou que já apresentou cinco denúncias à Organização dos Estados Americanos (OEA) e pretende acionar também o governador do Distrito Federal, a vice-governadora e o secretário da Secretaria de Administração Penitenciária (Seape).
"Semana que vem vamos denunciar ao Ministério Público e dar conhecimento ao governador, à vice-governadora e ao secretário da Seape", afirmou o advogado.
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