Caroline Vitorino
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu a entender que a Ucrânia não vai conseguir retomar todos os seus territórios ocupados pela Rússia e que os líderes mundiais, incluindo os presidentes Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, já sabem qual será o desfecho do conflito. A declaração foi dada durante entrevista coletiva que encerrou a sua passagem por Paris.
“Eu, sinceramente, acho que no subconsciente — ou melhor, no inconsciente — de todos os líderes políticos do mundo, todo mundo sabe o que vai acontecer. Todo mundo sabe que as condições do acordo já estão colocadas. O que está faltando é coragem das pessoas dizerem o que querem. Vocês acham que o Putin vai sair da Crimeia? Nem ele quer sair, nem o Zelensky quer admitir que a outra parte invadiu e ainda não tomou [o território] definitivamente”, declarou Lula.
O presidente comparou o impasse atual entre os dois líderes a momentos que antecedem o fim de greves sindicais, sugerindo que ambos já conhecem os limites possíveis de negociação, mas enfrentam dificuldades políticas para admitir publicamente as concessões necessárias. “Acho que está mais próximo de um acordo do que parece. Por enquanto, parece que os dois líderes estão com dificuldade de dizer à população o que querem. Eles já sabem o que é possível. Falta coragem para dizer.”
Lula revelou ainda ter sugerido ao presidente da França, Emmanuel Macron, uma articulação com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e países emergentes para tentar mediar uma proposta de paz. A ideia seria ouvir diretamente os líderes de Rússia e Ucrânia e formular uma proposta externa viável para ser apresentada aos dois lados.
“Ninguém vai ter tudo o que quer. As pessoas vão ficar com aquilo que é possível de conquistar. A vida é assim — na nossa relação humana e também na política”, completou.
Após a agenda em Paris, o presidente Lula segue viagem para o Principado de Mônaco e, em seguida, visita a cidade de Nice, no sul da França.
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