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Economia e Negócios

Alta no preço da gasolina ameaça causar debandada de motoristas de app

Dos 120 mil motoristas de aplicativos da capital paulista, cerca de 30 mil (25%) deixaram a atividade.

O recente reajuste de 18,7% no preço da gasolina nas refinarias pode provocar uma debandada dos motoristas de carros por aplicativos, se nada for feito para compensar a alta de custos, avaliam dirigentes de entidades que representam os condutores de veículos.

“O motorista já estrangulou tudo que tinha para estrangular”, afirma o presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), Eduardo Lima. Esse movimento de abandono da atividade já vinha ocorrendo desde o ano passado por conta dos aumentos anteriores.

Dos 120 mil motoristas de aplicativos da capital paulista, cerca de 30 mil (25%) deixaram a atividade no ano passado. Mas, com o arrefecimento da pandemia no final de 2021 e a redução do preço do combustível em janeiro, 5% retornaram à atividade, calcula Lima. “Mas agora, com o novo aumento, acredito que mais 25% vão deixar a atividade se nada for feito para compensar esse aumento de custos. No longo prazo, o número poderá ser maior.”

Denis Moura, diretor executivo da Associação de Motoristas de APP do Rio de Janeiro, concorda: “Era um movimento que já vinha acontecendo e, com aumento do preço dos combustíveis, deve-se acelerar, se não tiver algo para minimizar esse impacto”.

Rejeição

Num primeiro momento, o impacto da alta de custos dos combustíveis para os motoristas de aplicativos e para os usuários desse meio de transporte se traduz no avanço no número de corridas rejeitadas. Segundo Moura, os motoristas tentarão rejeitar as corridas que tenham rentabilidade reduzida.

Ele observa que o abandono da atividade não ocorre do dia para noite, porque boa parte dos motoristas está comprometida financeiramente, pagando o financiamento do carro, por exemplo.

No dia em que passou a valer o novo preço da gasolina, empresas anunciaram reajustes no valor pago do quilômetro rodado que, segundo Lima, são insuficientes para cobrir a alta de custo provocada pelo aumento do combustível.

‘Vou vender picolé ou pipoca’, diz caminhoneiro

Depois de 14 anos na boleia de um caminhão, o motorista Waltuir Inácio da Silva Júnior decidiu abandonar as estradas. A alta do diesel, anunciada semana passada pela Petrobras, foi a gota d’água para o caminhoneiro de 38 anos.

Segundo ele, não há nenhuma condição de continuar no setor. Sem o repasse dos aumentos dos combustíveis, o que sobra não dá para pagar as contas do dia a dia. “Vou fazer qualquer outra coisa, mas não serei mais caminhoneiro. Vou vender picolé, pipoca, qualquer coisa, mas não faço mais isso”, diz ele, que vem de uma família de caminhoneiros. “Todos já desistiram, só faltava eu.”

Mineiro de Juiz de Fora, Júnior conta que está finalizando as últimas viagens e até o fim da semana deixará a profissão. Por ora, não deve vender o caminhão por falta de demanda. Mas afirma que terá de se desfazer de alguma coisa para pagar as dívidas na praça.

“Hoje pago a conta que tem mais tempo de atraso. As demais continuam na lista de espera. Quando sobra um dinheiro, eu quito.”

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