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Coritiba se torna primeiro clube brasileiro a aderir ao Pacto Global da ONU

O planejamento se iniciou com a nova gestão do clube, presidida por Juarez Moraes, ainda em 2021.

Próximo de completar 113 anos, o Coritiba conquista neste ano uma de suas maiores vitórias, dentro e fora de campo, em seu caráter de instituição social. Diante de um cenário mundial de crescente preocupação com os danos da humanidade ao meio ambiente, o clube se torna o primeiro a aderir, de forma integral, ao Pacto Global da ONU.

Lançada em 2000, a ideia da iniciativa, de caráter socioambiental, é alinhar empresas para comprometa suas estratégias e operações de acordo dez princípios universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção, além de desenvolver ações que contribuam para o enfrentamento dos desafios da sociedade.

Ele é a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com mais de 16 mil participantes, entre empresas e organizações, distribuídos em 70 redes locais, que abrangem 160 países. Para chegar a essa conquista, o Coritiba se juntou à GreenPlat, startup de software de gestão e monitoramento de indicadores ESG, para traçar planos que tornassem possível o reconhecimento da instituição diante da ONU.

O planejamento se iniciou com a nova gestão do clube, presidida por Juarez Moraes, ainda em 2021. “Trouxemos a ideia ao Coritiba, de mapear o uso de resíduos, de gasto energético, e ela foi aderida de forma imediata pelo clube”, conta Chicko Sousa, fundador e CEO da GreenPlat, ao Estadão. Português, ele se mudou para o Brasil em 1985, coincidentemente o mesmo ano em que o Coritiba conquistou seu único Campeonato Brasileiro, diante do Bangu. “Foi uma união que era para acontecer”, brinca o empresário.

"Nós buscávamos, para exposição de nosso trabalho, algo que fosse de amplo alcance nacional, como o futebol", detalha Chicko, que conta que, antes mesmo de propor a ideia ao Coritiba, o clube já buscava novas maneiras de manejo sustentável e de otimização dos recursos. "Vamos reduzir o impacto de um time de futebol na natureza?"

A partir de planejamentos, a GreenPlat somou esforços com o Coritiba para traçar métodos sustentáveis em seus projetos. Captação da água no Estádio Couto Pereira, coleta eficiente do lixo nas arquibancadas e uso eficiente de recursos energéticos são alguns dos exemplos de mudanças que possibilitaram a entrada do clube no Pacto Global.

Por meio de um software desenvolvido pela GreenPlat, o clube pode medir seu impacto na biodiversidade e corrigí-lo. Cerca de seis toneladas de lixo e resíduos, produzidas por mês, provenientes de jogos, treinos e demais atividades, são monitoradas pela Plataforma Verde, da Green Plat. Desta maneira, o clube terá condições de melhor destinar seus resíduos e implementar políticas austeras com fornecedores, além de desenvolver planos de educação ambiental.

"No primeiro momento, buscamos chamar a atenção da torcida, da imprensa e da mídia, para a preservação da biodiversidade", explica Lucas Pedrozo, Head Administrativo do Coritiba, ao Estadão. A Mata Atlântica, bioma ameaçado do Brasil e de suma importância para o ecossistema do Paraná, foi um dos focos dessa fase. O clube anunciou uma parceria com a iniciativa Grande Reserva Mata Atlântica, para dar amparo e promoção a proteção do maior remanescente contínuo do Bioma Mata Atlântica

O clube lançou uma camisa, produzida com material biodegradável e reutilizável, para conscientizar quanto aos riscos do desmatamento e da perda da biodiversidade. "Um time de futebol é multiplicador de informação e a questão da educação ao seu público é um passo fundamental para o sucesso do nosso projeto", conta Chicko.

Benefícios

Essa gestão do Coritiba apresentou, ainda em 2021, um planejamento para a "reinvenção do clube". Nessa parceria com a GreenPlat, traçou-se um plano de 15 anos para as metas de sustentabilidade do clube. Além de retornos econômicos, como a economia de recursos, energéticos e financeiros, o Coritiba tem, com o Pacto Global, um projeto social em mãos.

"Nós trouxemos essa mensagem de conscientização, de sustentabilidade, para dentro do clube e da nossa camisa", afirma Lucas. Mas além disso, a ideia é que, com esses projetos, a base de futebol do Coritiba e a comunidade ao seu redor, seja beneficiada. "Somos responsáveis pela mensagem e pelo impacto no Couto Pereira, no nosso Centro de Treinamento, e foi preciso endereçá-lo".

"Qual foi a última vez que ouvimos sobre educação ambiental", brinca o dirigente. Com essa premissa, o Coritiba busca divulgar o projeto por meio de uma nova campanha. O "Nossa Identidade Verde", segundo Lucas, traz as cores do clube para informar o torcedor das questões socioambientais.

Por meio desse lema, o clube faz ações com seus jovens atletas e torcedores, divulgações nos estádios e nas redes, acerca dos benefícios de um posicionamento efetivo nesta questão. "Vamos trazer o nosso sócio como peça ativa dessa mudança na estrutura social do clube", afirma Lucas.

Futuro do clube

“Infelizmente, para a maioria dos dirigentes dos clubes, há um obstáculo para a implementação de projetos como estes”, diz o head do Coritiba. “É recorrente que eles pensem: ‘mas esse investimento vai fazer com que o time vença os jogos?’, quando na realidade nossa campanha é muito mais do que isso."

O projeto do Coritiba, o Pacto Global e a Nossa Identidade Verde, em conjunto, estarão em vigor nos próximos 15 anos. “É um planejamento a longo prazo, mas o impacto já pode ser sentido desde já”, conta Lucas. Com o manejo sustentável dos resíduos e economia dos gastos, o clube pode investir em outras áreas, tanto no social quanto no futebol.

“Hoje posso dizer que esse nosso planejamento, nossa parceria com a GreenPlat, ganha jogos”, brinca Lucas. Na gestão do Coritiba, no entanto, não houve resistência para a implementação dessas metas do Pacto. “Nosso presidente (Juarez Moraes) e conselheiros já tinham essa mentalidade de mudar a forma como o clube se posiciona no mundo”.

Além de um posicionamento forte da marca com o Pacto Global, a ideia, para Lucas e para a diretoria do clube paranaense, é de que esse seja o início de uma mudança no cenário brasileiro. “O Coritiba está abrindo o caminho para os clubes de futebol do Brasil e do mundo quanto às questões ambientais e sociais”, explica o dirigente.

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