Fechar
GP1

Política

Escolha para o Ministério da Educação fortalece Onyx Lorenzoni

Ministro da Casa Civil indicou Abraham Weintraub como ‘solução’ na pasta; nome é ligado a Olavo de Carvalho e tem trânsito no Planalto.

A indicação de Abraham Weintraub para substituir Ricardo Vélez Rodríguez no Ministério da Educação foi a “solução caseira” encontrada pela equipe do presidente Jair Bolsonaro para resolver uma disputa interna e fortalece o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Secretário executivo da Casa Civil, Weintraub não havia sido lembrado até então para ocupar a cadeira com mais polêmicas no governo, mas foi a saída de última hora, na tentativa de evitar mais problemas.

Em dois encontros de auxiliares com Bolsonaro, no fim de semana, a meta era achar um perfil de ministro que também ajudasse na articulação da reforma da Previdência no Congresso. Conselheiros do presidente sugeriam um político para o cargo. Nesse arranjo, a secretaria executiva do MEC ficaria sob a responsabilidade de alguém com mais capacidade de gestão.

  • Foto: Renato Cortez/Futura Press/Estadão ConteúdoOnyx LorenzoniOnyx Lorenzoni

Uma das possibilidades aventadas era fazer uma dobradinha entre o senador Izalci Lucas(PSDB-DF) e Ivan Camargo, ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB). Outro nome mencionado era o do deputado João Roma (PRB-BA). Havia, porém, outros citados, como os generais Oswaldo Ferreira e Alessio Ribeiro Souto. Bolsonaro parecia mais inclinado por Camargo.

A surpresa veio mais tarde, quando ele anunciou a decisão de entregar a pasta, mais uma vez, para aliados do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo. Passaram a ser cotados para ministro, então, o secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, e o ex-secretário executivo adjunto Eduardo Melo.

Diante desse quadro, Onyx sugeriu Weintraub. Era, na definição do chefe da Casa Civil, a saída ideal: um técnico ligado a Olavo, mas que também tinha a confiança do Planalto. O Estado apurou que já é dada como certa a retirada dos militares do MEC.

Com dificuldades para demitir, Bolsonaro chegou a pedir desculpas a Vélez, nesta segunda-feira, 8, na última conversa. A interlocutores, definiu a situação como constrangedora, mas afirmou que o MEC não poderia continuar sangrando.

Economista, Weintraub foi levado para a campanha de Bolsonaro por Onyx, que o conheceu no Congresso em um seminário sobre Previdência, em 2017. Entusiasmado com suas propostas e com as de Arthur, seu inseparável irmão, o então deputado do DEM os convenceu a dar uma espécie de “consultoria” ao colega de Câmara.

“Eu me lembro do dia no qual nós desejávamos que ele (Bolsonaro) compreendesse o quanto era importante a independência do Banco Central para dar solidez à economia. Ele foi falar 20 minutos com um tal professor paulista da Unifesp (Weintraub). Ficou duas horas. Era contra e saiu a favor. A partir daí, fizemos o plano de governo”, contou Onyx, nesta segunda.

Em 2018, os irmãos acompanharam o pré-candidato na viagem ao Japão e à Coreia do Sul. Questionado pelo Estado, no ano passado, sobre a decisão de apoiar Bolsonaro, Weintraub falou sobre patriotismo. “Diante de ameaças é necessário lutar pelo país em que se vive. Os venezuelanos descobriram isso muito tarde. Perderam o controle de sua Pátria e hoje são colônia dos ditadores que controlam Cuba. São escravos”, escreveu. Na entrevista, por e-mail, rechaçou a pecha de direitista. “Esquerda ou direita, acho que é uma rotulação pobre. Somos humanistas, democratas, liberais, lemos a Bíblia (Velho e Novo Testamento) e a temos como referência.”

NOTÍCIAS RELACIONADAS

'É difícil mandar alguém embora’, diz Bolsonaro sobre Vélez

'Crônica de uma morte anunciada', diz Mourão sobre demissão de Vélez

Jair Bolsonaro demite ministro da Educação Ricardo Vélez

Mais conteúdo sobre:

Ver todos os comentários   | 0 |

Facebook
 
© 2007-2024 GP1 - Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do GP1.