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Teresina - Piauí

Cabo Samuel Borges filmou abordagem que resultou em sua morte

Barêtta explicou que o PM não foi morto por conta de uma briga de trânsito e sim, pelo fato de uma abordagem, já que o autor do crime estava com duas armas de fogo e em uma motocicleta sem pl

Brunno Suênio/GP1 1 / 4 Início da discussão em um semáforo, próximo ao clube Xamegão na Avenida Kennedy Início da discussão em um semáforo, próximo ao clube Xamegão na Avenida Kennedy
Brunno Suênio/GP1 2 / 4 Câmera de segurança flagra acusado de crime e logo depois a vítima surge na imagem Câmera de segurança flagra acusado de crime e logo depois a vítima surge na imagem
Brunno Suênio/GP1 3 / 4 Câmera flagra momento em que a vítima segue o acusado Câmera flagra momento em que a vítima segue o acusado
Brunno Suênio/GP1 4 / 4 Vídeo gravado pela vítima registrou momento anterior aos disparos feitos pelo acusado Vídeo gravado pela vítima registrou momento anterior aos disparos feitos pelo acusado

O GP1 teve acesso, na manhã desta sexta-feira (08), às imagens do passo-a-passo de como o cabo Samuel de Sousa Borges foi assassinado na frente do filho na última sexta-feira (01), na zona leste de Teresina. O diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Francisco Costa, o Barêtta, explicou que o PM não foi morto por conta de uma briga de trânsito e sim pelo fato de uma abordagem, já que o autor do crime, Francisco Ribeiro dos Santos, estava com duas armas de fogo, um delas irregular, e em uma motocicleta sem placa.

Tudo começou quando Samuel Borges resolveu abordar o PM do Maranhão em um semáforo nas proximidades do Xamegão do Forró, situado na Avenida Presidente Kennedy. O cabo percebeu que havia algo estranho com o indivíduo, visto que ele possuía algo volumoso na cintura e estava em um veículo sem placa. “Quando eles pararam no sinal, a vítima percebeu que o autor tinha um volume, a motocicleta estava sem placa e ele só de bermuda e de tênis. Ele verificou como um policial de rua e fez a abordagem. Primeiramente, o autor do crime disse: ‘o que é que tu quer?’ e saiu”, relatou Barêtta.

  • Foto: Lucas Dias/GP1Delegado BarettaDelegado Baretta

Logo depois, eles se encontraram novamente em frente a Engecopi, ainda na Avenida Presidente Kennedy e dali o cabo continuou atrás do acusado até os dois pararem na Rua Cândido Ferraz, perto de um colégio particular. No local, alguns seguranças chegaram a intervir.

“Lá na frente, o policial do Maranhão interpela ele novamente e fala: ‘me deixa de mão’. Quando ele pega a Jóquei Clube, que chega na Cândido Ferraz, eles param e o autor pergunta: ‘o que é que tu quer comigo?’ e puxa a arma. Aí o policial se identifica e os seguranças encostam e falam: ‘Rapaz, vocês são policiais. Deixem de briga’. Só que neste momento, o autor levantou a camisa e o cabo Samuel viu que ele tinha mais de uma arma. Então a vítima diz: ‘Olha, você está com duas armas. Essa é regular? Eu vou filmar, vou te levar para a Corregedoria, você não vai sair daqui, eu vou te segurar’ e pega a chave da motocicleta do autor e tira do contato”, completou o delegado.

  • Foto: DivulgaçãoSoldado da PM Francisco Ribeiro dos SantosSoldado da PM Francisco Ribeiro dos Santos

O coordenador do DHPP ressaltou que toda a ação foi gravada pela vítima e que isso gerou uma inquietação por parte do policial lotado no estado do Maranhão. “Quando ele tira a chave o autor diz: ‘Se tu continuar filmando, eu vou te matar’. Evidentemente que ele não esperava [a reação] porque se tratava de um cabo da Polícia Militar e um soldado da PM do Maranhão. Aí, quando o policial se afasta, ele dá o primeiro tiro, que foi lateral, no lado direito”, afirma Barêtta.

O cabo Samuel foi morto com três tiros. Ele morreu no local, na frente do filho de apenas 8 anos de idade. A discussão inicial chegou a ser flagrada por uma policial militar que passava pela região. O delegado Barêtta revelou que a profissional prestou depoimento e que o caso foi rapidamente elucidado pela riqueza de provas testemunhais e materiais.

Ele ainda ressaltou as atitudes do cabo Samuel que, para Barêtta, foram corretas durante todas as abordagens. “O cabo Samuel foi um policial autêntico, um excelente policial militar até na hora de morrer. Ele imaginava que ali a disciplina e a hierarquia iria reinar. Ele foi surpreendido”, opinou.

Indiciamento

O soldado lotado no 11º Batalhão da Polícia Militar do Maranhão, Francisco Ribeiro dos Santos, foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil, acusado de assassinar o cabo da Polícia Militar do Piauí, Samuel Borges.

Segundo o diretor do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa – DHPP – delegado Barêtta, o inquérito foi concluído dia 07 de fevereiro e remetido à Justiça nesta sexta-feira (08).

  • Foto: DivulgaçãoCabo Samuel de Sousa BorgesCabo Samuel de Sousa Borges

“O inquérito foi remetido hoje pela manhã para a Corregedoria da Polícia Civil, que vai remeter para a Central de Inquéritos do Tribunal de Justiça, para que seja encaminhado para uma das varas do Tribunal do Júri. O inquérito policial, com 135 páginas com provas testemunhais e materiais, presidido pelo delegado Danúbio Dias, com o apoio de toda a equipe dele, trouxe uma peça robusta que é o corpo de delito daquele ato criminoso”, pontuou.

Ainda de acordo com Barêtta, o acusado relatou que matou a vítima pretendia denunciá-lo à corregedoria da Polícia Militar, pois ao ser abordado pelo cabo Samuel Borges, o soldado do Maranhão foi flagrado com uma arma de fogo irregular, um revólver calibre .38.

“Ele disse que portava essa arma para se assegurar e relatou que o cabo fez menção de puxar a arma para ele, mas as fotos mostram que o cabo está no chão, já ferido, agonizando no leito da morte e arma está no corpo dele, ou seja, em nenhum momento ele a pegou”, disse Barêtta, rechaçando a versão apontada pelo soldado.

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