O GP1 obteve acesso aos nomes de todos os alvos da segunda fase da Operação Escudo Eleitoral, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (03), que culminou com a prisão da vereadora Tatiana Medeiros (PSB), no bojo das investigações que apuram um esquema de compra de votos, financiado pelo crime organizado (Bonde dos 40).
Além da vereadora Tatiana Medeiros, foram alvos o padrasto da parlamentar, Stênio Ferreira Santos, lotado na Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi); Emanuelly Pinho de Melo, funcionária do Instituto Vamos Juntos e assessora parlamentar na Câmara Municipal de Teresina, além do namorado da vereadora, Alandilson Cardoso Passos, e o Instituto Vamos Juntos.

De acordo com a representação da Polícia Federal, a vereadora Tatiana Teixeira Medeiros teria utilizado sua candidatura para favorecer interesses ilícitos, promovendo um esquema de compra de votos financiado pelo crime organizado. Além disso, sustenta a Polícia Federal que a vereadora mantinha vínculos financeiros estratégicos com membro de facções criminosas.
A investigação evidenciou a existência de um relacionamento afetivo da vereadora com Alandilson Cardoso Passos, investigado por integrar organização criminosa e que teria utilizado recursos ilícitos para financiar a campanha eleitoral da então candidata, no ano de 2024. Além de companheiros, ambos teriam negócios revestidos em benefícios eleitorais recíprocos.
Diante dos fatos, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da Operação Escudo Eleitoral em novembro de 2024, ocasião em que cumpriu mandados de busca e apreensão nos imóveis de Tatiana Medeiros e no Instituto Vamos Juntos, além do Escritório de Advocacia Brandão & Medeiros Sociedade de Advogados, sendo apreendidos, entre outros itens, aparelhos celulares, mídias, documentos e dinheiro em espécie (cerca de R$ 100 mil).

Medidas cautelares contra os investigados:
Com a análise do material apreendido, sobretudo, a extração de dados dos aparelhos celulares, a Polícia Federal encontrou uma verdadeira teia envolvendo outras pessoas, que passaram a integrar o rol de investigados na segunda fase da investigação, que culminou com Operação Escudo Eleitoral II, deflagrada na manhã desta quinta-feira (03).
Em razão disso, a Polícia Federal representou pelas seguintes medidas cautelares, determinadas pelo juiz eleitoral, Luís Henrique Moreira Rego, e cumpridas na manhã desta quinta-feira.
- afastamento da vereadora Tatiana Teixeira Medeiros do exercício do cargo público na Câmara Municipal de Teresina;
- afastamento da assessora Emanuelly Pinho de Melo das funções exercidas na Câmara Municipal de Teresina;
- afastamento de Stênio Ferreira Santos das funções exercidas na Secretaria de Saúde do Estado do Piauí e na Assembleia Legislativa do Estado do Piauí, bem como proibição de acesso às dependências a fim de impedir a continuidade do crime de agiotagem praticado pelo referido investigado;
- suspensão imediata das atividades da ONG Instituto Vamos Juntos, bem como a suspensão de recebimento de recursos públicos;
- decretação da prisão preventiva de Tatiana Teixeira Medeiros e Alandilson Cardoso Passos;
- decretação da indisponibilidade e bloqueio imediato de ativos financeiros de Alandilson Cardoso Passos, via BACENJUD, em todas as contas bancárias e aplicações financeiras em nome do investigado e da sua empresa A C Passos LTDA, no valor mínimo de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais);
- apreensão e indisponibilidade do veículo Toyota Cross XRE 2.0, ano 2022/Modelo 2023, avaliado em R$ 141.384,00, em nome de Tatiana Medeiros.
Envolvimento com o Bonde dos 40
No inquérito instaurado em novembro de 2024, a Polícia Federal apontou quatro possíveis crimes envolvendo Tatiana Medeiros e a facção Bonde dos 40. As suspeitas são:
1. Uso do Instituto Vamos Juntos – Tatiana pode ter utilizado a ONG para captar recursos ilícitos, incluindo dinheiro oriundo da facção criminosa, e direcioná-los para sua campanha eleitoral.
2. Financiamento Eleitoral Irregular – O Bonde dos 40 pode ter financiado diretamente a campanha da advogada em troca de influência política e facilitação de suas atividades no Piauí.
3. Coação e Manipulação de Eleitores – A facção teria mobilizado membros para coagir ou aliciar eleitores em comunidades vulneráveis sob seu domínio, garantindo votos para Tatiana.
4. Fraude na Prestação de Contas – A vereadora é suspeita de omitir ou adulterar informações em sua prestação de contas, incluindo despesas fictícias. Um dos exemplos citados é a locação de um veículo registrado no nome de sua mãe, Maria Odelia de Aguiar Medeiros, que não possui registro de CNH, o que levanta indícios de irregularidade.
Eleição de Tatiana Medeiros
Tatiana Medeiros foi eleita vereadora de Teresina, no dia 06 de outubro de 2024, com 2.925 votos, por quociente partidário, no Partido Socialista Brasileiro (PSB). No registro de sua candidatura, a parlamentar declarou que hão havia nenhum bem material em seu nome.
Namorado preso
Alandilson Cardoso Passos, namorado da vereadora presa Tatiana Medeiros, que está preso desde 14 de novembro do ano passado, é alvo de uma investigação que aponta seu envolvimento com crimes como tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Seu nome consta em diversos boletins de ocorrência e processos, incluindo posse irregular de arma de fogo, tráfico de drogas, roubo qualificado e dano qualificado com substância explosiva.

Vida de luxo e ostentação
Apesar de não possuir vínculo formal de emprego, Alandilson ostenta um estilo de vida luxuoso, morando em condomínios de alto padrão e mantendo um haras com cavalos de vaquejada. Sua empresa, AC Passos LTDA, registrada como prestadora de serviços automotivos, não existe de fato e opera como fachada para ocultação de dinheiro ilícito.
Há indícios de que ele esteja envolvido com a facção criminosa Bonde dos 40, realizando transações financeiras suspeitas com outros investigados ligados ao tráfico. Ele também teria remetido dinheiro para empresas utilizadas para lavagem de dinheiro, como a Val Carnes/Val Veículos.
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