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Vítima de estupro coletivo em Castelo diz que nunca mais saiu sozinha

Estupro coletivo aconteceu em maio de 2015, em Castelo do Piauí.

Em entrevista à Folha de São Paulo, uma das jovens vítimas de um estupro coletivo, que aconteceu em maio de 2015, quando foram agredidas por um adulto e quatro adolescentes, apedrejadas e jogadas de um penhasco na cidade de Castelo do Piauí, disse que ainda sente muito medo e não anda mais sozinha.

“Ainda sinto muito medo, medo de tudo. Não ando mais sozinha. Meu pai me leva e me busca na faculdade todas as noites”, disse.

Uma das vítimas, Danielly, de 17 anos, não sobreviveu à barbárie e morreu dez dias depois em razão dos ferimentos. Três dos quatro adolescentes estão cumprindo medidas socioeducativas no Centro Educacional Masculino (CEM). Um deles foi morto após confessar o crime e entregar os demais. Já o maior de idade e mentor do crime, está preso e aguarda julgamento.

  • Foto: Marcelo Cardoso/GP1Entrada da Cidade de Castelo do Piauí Entrada da Cidade de Castelo do Piauí

Segundo a reportagem, de 2011 a 2016 o Piauí teve 207 casos de estupro coletivo registrados por hospitais, uma taxa de 1,43 por cem mil habitantes. A jovem disse ainda que só soube da morte da amiga duas semanas depois, quando estava prestes a ter alta do hospital, onde ficou internada por 18 dias. “Não tinha acesso a nada. Tive lapsos de memória, só vinham flashes do ‘acidente’. Uma hora parecia que eu entendia o que estava acontecendo, outra não”, afirmou.

No período em que passou internada, a estudante recebeu atendimento psicológico, contracepção de emergência e tratamento de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis, como HIV e hepatite B.

A jovem diz ainda manter contato com as amigas que também foram violentadas, mas diz que houve um distanciamento entre elas. “A vida acabou afastando a gente. Quando estávamos juntas e falávamos sobre tudo o que tinha acontecido, as coisas ficavam muito mais difíceis”, disse.

A estudante mora em Teresina com o pai e a família que ele construiu no segundo casamento. A mãe e outros irmãos permanecem em Castelo. “Sinto Falta da vida de cidade pequena, mas ficou muito difícil continuar lá, disse a jovem. Ela segue em tratamento com uma psicóloga, que segundo ela, está ajudando no enfrentamento dos temores. “No futuro, quero muito ajudar mulheres que passam pelo que passei”, concluiu.

Outras vítimas

Uma das outras duas vítimas do estupro coletivo em Castelo está com 18 anos e mora com a madrinha, também em Teresina. Ela sofre de esquecimentos e toma medicações para conter as crises convulsivas decorrentes do afundamento craniano que sofreu após ser jogada do penhasco. Também passou por cirurgia para reconstruir uma orelha. A outra adolescente, de 17 anos, mora com a família em Castelo do Piauí e cursa o último ano do ensino médio.

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