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Política

Escândalo de descontos do INSS atinge pessoas ligadas a 6 partidos

São apontados parlamentares ligados aos partidos do PDT, PT, PSD, PSB, PL e Republicanos.

As investigações sobre o esquema bilionário de fraudes nos descontos de aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) citam pessoas que integram ou têm relação com ao menos seis partidos, abrangendo nomes nos governos Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

A farra dos descontos indevidos do INSS foi deflagrada em abril deste ano, com desvios que podem chegar a R$ 6,3 bilhões. O escândalo resultou nas demissões do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.

PDT

O baque mais visível até agora foi no PDT, partido de Lupi, pois, apesar de ele não ter sido citado nas investigações, a permanência dele no cargo ficou insustentável após tantos alertas feitos sobre a farra dos descontos. Wolney Queiroz, também do PDT, assumiu o ministério na semana passada. Contudo, ele estava na mesma reunião do Conselho Nacional do INSS, em junho de 2023, em que Lupi foi alertado sobre as fraudes.

Wolney chegou a assinar, em 2021, uma emenda que prorrogou o prazo de revalidação dos cadastros de aposentados feitos pelas entidades. A influência do partido no INSS, contudo, não se limita aos dois. O secretário do Regime Geral de Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal, é ex-chefe de gabinete do senador Weverton Rocha (PDT-MA).

PSD

José Carlos Oliveira, do PSD, que chegou a comandar o instituto e o Ministério da Previdência no governo Bolsonaro, entre 2021 e 2022, e foi citado na investigação por causa de transações suspeitas relacionadas a um assessor de uma das entidades que estão na mira da Polícia Federal, contudo não consta como investigado.

PSB

O PSB também se viu envolvido no escândalo por ocupar a cúpula do INSS, bem como ter possuído o parlamentar Alessandro Stefanutto que apareceu na investigação. Ele era do PSB, contudo trocou o partido pelo PDT em janeiro deste ano. Foi gestão do ex-presidente do INSS que as fraudes dos descontos atingiram o auge e ele acabou perdendo o cargo sob suspeita de omissão. Outro integrante do PSB citado no inquérito é o deputado estadual maranhense Edson Araújo, que recebeu, no período de um ano, R$ 5,4 milhões de uma das entidades investigadas.

PT

Já o Partido dos Trabalhadores (PT), partido do presidente Lula, foi diretamente afetado pelo escândalo e tem tentado reduzir os danos ao governo sob alegação que o esquema começou com Bolsonaro e foi desbaratado pela PF na gestão petista. No entanto os repasses às entidades suspeitas explodiram durante o atual governo e algumas entidades têm ligação com políticos da sigla, entre elas, está a Contag, que acumulou R$ 2 bilhões entre 2019 e 2024, com descontos de aposentadorias, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU). A entidade é presidida por Aristides Veras Santos, irmão do deputado federal Carlos Veras.

Lula também viu seu irmão Frei Chico envolvido no escândalo do INSS por ser vice-presidente de uma das entidades que mais arrecadaram com descontos de aposentados, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi). O órgão foi a terceira entidade que mais arrecadou com descontos, entre 2019 e 2024, e teve salto de faturamento de R$ 100 milhões em três anos, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). A entidade contesta esta cifra. Em apenas três anos, o número de aposentados filiados a ela cresceu de 170 mil para 420 mil.

PL

O ex-chefe da pasta do Trabalho e da Previdência Social, Onyx Lorenzoni (PL), e também ministro de Bolsonaro, acabou sendo citado na operação. O político bolsonarista recebeu uma doação de R$ 60 mil na campanha ao governo do Rio Grande do Sul, em 2022, feita por Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), uma das entidades investigadas. O acordo de cooperação técnica da ABCB com o INSS, que permitiu descontos de 2,5% sobre aposentadorias, foi iniciado em março de 2022. Onyx diz que, enquanto ministro da Previdência, não tinha conhecimento sobre quais entidades foram habilitadas para descontar mensalidade de aposentadorias, um direito adquirido pelas associações em 1991, e que nunca teve relação com Felipe Macedo Gomes.

Republicanos

O Republicanos também tem um representante entre as pessoas ligadas ao escândalo do INSS. Uma das entidades investigadas pela PF, a CBPA tem como presidente Abraão Lincoln, que já comandou o partido no Rio Grande do Norte. Segundo as autoridades policiais, a CBPA não tinha associados em 2022, quando firmou seu acordo com o INSS para poder efetuar descontos de mensalidade de aposentados. No ano seguinte, já eram mais de 340 mil, resultando em uma arrecadação anual de R$ 57,8 milhões.

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