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Deusval Lacerda de Moraes *

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes(Imagem:Reprodução)Deusval Lacerda de Moraes
Até o mundo mineral é sabedor que o senador Wellington Dias construiu toda a sua carreira política nas hostes do Partido dos Trabalhadores. Oriundo do centro-sul do Estado, ou mais precisamente da pequenina cidade de Paes Landim, tornou-se jovem sindicalista no comando do Sindicato dos Bancários do Piauí, o que daí para filiar-se ao PT de Teresina foi um pulo. No PT, demonstrou grande habilidade em lidar com os contrários, ou seja, com as diversas correntes que se digladiavam no âmago do partido, e com raro faro eleitoral, não deu outra, galgou rapidamente as instâncias partidárias e logo partiu para o campo da política institucional.

O resto é do conhecimento de todos, pois de forma seqüenciada foi vereador de Teresina, deputado estadual, deputado federal, governador do Piauí em dois mandatos e, atualmente, é senador da República - além da sua esposa Rejane Dias ser deputada estadual. Foi uma carreira meteórica, em que jamais um piauiense atingiu tal feito em tão curto espaço de tempo. Não lhe faltando humildade e extrema competência política para triunfar, pois se não fosse assim não conseguiria tamanha façanha. Humildade e sabedoria inclusive utilizadas na política interna do PT que assim foi se transformando em liderança política emergente com total respaldo da legenda nessa sua ininterrupta trajetória mandatária.

Com a experiência de líder sindical, num primeiro momento em que o PT do Piauí ainda era embrionário, ou seja, estava em formação para se lançar à sociedade como alternativa viável de poder, Wellington Dias foi se sobressaindo nas refregas orgânicas, participando, articulando, disputando e respeitando os resultados dos embates, inclusive os que lhe eram desfavoráveis, comuns ao partido, demonstrando inigualável jogo de cintura em conviver com os segmentos ideologicamente conflitantes e mostrando como poucos sua enorme capacidade conciliatória.

Mas o que se observa atualmente é que essa fase articulatória tão cara ao petismo já passou na vida pública do senador Wellington Dias. Não se percebe mais nele muita disposição para se entender com a pluralidade que ainda existe no núcleo do seu partido. Só que o PT e suas correntes ideológicas continuam os mesmos, pois são partes da sua gênese, e que ainda ocorre de certas decisões do partido saírem do livre-arbítrio dos seus filiados, dos seus militantes, estabelecendo sobre a agremiação determinados rumos e posicionamentos político-eleitorais sob orientação dos seus ainda vigorantes Regulamentos de Prévias e Encontros.

Wellington Dias foi beneficiário desse espírito democrático do PT, diferentemente das outras siglas partidárias do Brasil cujas decisões são tomadas de cima para baixo. E disso ele é fruto, isto é, aproveitou a democratização partidária. Só que Wellington Dias já foi governo e, como ex-todo-poderoso, não tem mais saco para discutir o que deve considerar agora questiúnculas partidárias com os companheiros de jornada, talvez por achar, como os governantes tradicionais, que partidos políticos são células diminutas no jogo propriamente dito do poder e que jamais se sobreporão aos acordos, alianças e aglutinações político-partidárias que dão sustentação o exercício governamental.

Talvez por isso se negue terminantemente a acatar a decisão do PT de Teresina que decidiu soberanamente lançar no pleito eleitoral de outubro o deputado Cícero Magalhães como vice na chapa da reeleição do prefeito Elmano Férrer. Ele diz que não tem tempo para Teresina, porque vai apoiar os candidatos do partido no interior do Estado, será? São tão poucos. Antes nunca manifestou em dedicar-se exclusivamente aos companheiros do interior. Diz também que seu maior interesse na atualidade é derrotar o candidato tucano em Teresina, será? O PT de Teresina está posicionado contra os tucanos e ainda assim ele não se prontifica em ajudá-lo.

Disse na mídia que foi convidado pelo PT nacional para compor uma comissão de acompanhamento das eleições nas capitais. E Teresina é a sua capital, contudo, não esboça qualquer sinal para acompanhar o seu partido na eleição. Será que a razão disso tudo não são razões que a própria razão desconhece? Pode ser. Após o recente veto da sua candidatura a prefeito, foi noticiado na imprensa que opinou sobre o melhor nome para a candidatura da base aliada do Palácio de Karnak contra o seu próprio partido. Será verdade? Gratidão, coerência e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

* Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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