O processo eleitoral do Corisabbá, tradicional clube piauiense, enfrenta denúncias de irregularidades e desrespeito ao Estatuto Social. Em entrevista concedida ao GP1 Esporte, o conselheiro fiscal e candidato à presidência do clube, Elisvaldo Silva, expôs uma série de falhas na condução das eleições marcadas para esta quarta-feira (16), que, segundo ele, comprometem a legitimidade do pleito e da própria gestão atual.
“Estamos diante de uma eleição sem prestação de contas e sem lista oficial de sócios aptos a votar. Isso é uma afronta ao Estatuto e ao próprio clube”, afirmou Elisvaldo, referindo-se à ausência de ações básicas previstas no documento oficial que rege a instituição.

"O Art. 17 do estatuto é claro ao vincular a realização de eleições à prestação de contas e à participação dos sócios proprietários aptos. No entanto, até o momento, não tivemos a apresentação das contas nem a publicação de uma lista oficial de sócios em dia, com direito a voto. Dessa forma, realizar uma eleição nesta quarta-feira, nessas condições, seria uma afronta ao estatuto e à própria legitimidade do processo. Não se trata apenas de disputar um cargo — trata-se de respeitar o clube, sua história e sua base legal. Enquanto essas irregularidades persistirem, qualquer processo eleitoral estará comprometido", explanou.
Ausência de prestação de contas
Segundo o conselheiro, o clube não apresenta prestação de contas há pelo menos seis anos, em clara violação aos Artigos 17 e 24 do Estatuto. “A ausência de prestação de contas representa uma falha grave de gestão e demonstra a fragilidade institucional do Corisabbá”, alertou.
"A ausência de prestação de contas nos últimos anos representa uma falha grave na gestão e no cumprimento do Estatuto. Como Conselheiro Fiscal, atuamos dentro das nossas possibilidades: cobramos, fizemos alertas e solicitamos a regularização da situação. No entanto, a não apresentação das contas reflete um cenário mais amplo de fragilidade institucional, no qual processos como eleições e participação dos sócios também deixaram de seguir as diretrizes estatutárias. Acredito que só com a retomada do respeito às normas e à transparência poderemos reconstruir a credibilidade do clube", pontuou Elisvaldo.

Além disso, Elisvaldo denuncia que as eleições anteriores também foram marcadas por irregularidades, como a desconsideração do direito exclusivo de voto dos Sócios Proprietários, conforme previsto no Artigo 10, parágrafo único, e no Artigo 16. “Desde 2019 venho tentando colaborar com soluções concretas. Apresentei uma ferramenta para regularizar o quadro de sócios, mas fui solenemente ignorado. A atual gestão optou por manter o clube na informalidade”, desabafou.
Sócio Torcedor
Outro ponto crítico diz respeito à não implementação do programa de Sócio Torcedor com direito a voto, aprovado por unanimidade em Assembleia Extraordinária realizada em fevereiro de 2024. A iniciativa, considerada um marco para a democratização do clube, continua engavetada. “Foi uma decisão histórica, mas até hoje não saiu do papel. É mais uma oportunidade perdida de aproximar o clube de sua torcida. Entendo que isso representa uma oportunidade perdida e que precisa ser recuperada com urgência", declarou.
E essa é uma das principais propostas de Elisvaldo: "Queremos avançar com ações claras. Vamos assegurar o direito de voto aos Sócios Proprietários, como determina o Estatuto, e implementar de forma imediata o programa de Sócio Torcedor com direito a voto, aprovado em fevereiro de 2024 e até hoje não colocado em prática. Nossas propostas são objetivas: eleições 100% estatutárias e democráticas; implementação imediata do Sócio Torcedor com direito a voto; transparência total na gestão e nas contas do clube; e fortalecimento do futebol com gestão técnica e profissionalizada", elencou.

"Os processos que resultaram na composição das diretorias e conselhos não respeitaram o direito exclusivo de voto do Sócio Torcedor. Isso é um fato público e notório, e a raiz da crise de legitimidade do clube. E a prova de que luto contra isso há tempos é que em 2019, eu mesmo apresentei à presidência uma ferramenta e um plano para organizar e validar o quadro de sócios. Era a solução para garantir eleições limpas e estatutárias dali em diante. Fui solenemente ignorado. Isso demonstra que a falta de regularidade não foi por desconhecimento, mas por opção da atual gestão", lamentou Elisvaldo.
Mensagem
Diante do cenário, Elisvaldo afirmou que não participará das eleições marcadas para esta semana, classificando o processo como ilegítimo. “Não serei candidato enquanto não houver transparência, respeito ao Estatuto e regularização dos sócios com direito a voto. O Corisabbá precisa de democracia de fato, e não de uma eleição simbólica”, destacou.
Para ele, a saída está na reestruturação institucional do clube: eleições estatutárias, transparência total nas contas, fortalecimento do futebol com gestão profissional e a imediata implantação do programa de Sócio Torcedor. “O clube precisa ser devolvido à sua torcida”, concluiu.
"Minha mensagem é clara: o clube precisa ser devolvido à sua torcida. Hoje, infelizmente, não temos um quadro de sócios torcedores com direito a voto, o que enfraquece a participação e a transparência nas decisões. Se tiver a honra de assumir a presidência, isso vai mudar. No último domingo, foi divulgado um edital de convocação para uma Assembleia Geral Ordinária/Extraordinária. No entanto, sem uma lista oficial de sócios aptos a votar, é impossível garantir uma eleição legítima. Por respeito ao Estatuto e ao clube, não posso participar de um processo nessas condições. Mas reafirmo meu compromisso: quando houver uma eleição em conformidade com as regras estatutárias, com transparência e respeito à base social, estarei pronto. Serei candidato com a missão de trabalhar por um Corisabbá mais forte, profissional, democrático e próximo de sua torcida", concluiu Elisvaldo Silva.
Outro lado
O GP1 tentou entrar em contato com o atual presidente do clube, Anderson Kamar, mas nossas ligações não foram atendidas. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
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