Renato Rodrigues
Paulo Vitalino
A Copa do Mundo pode mostrar algumas surpresas para o olhar mais admirado, mas ela também mostra, no campo, quem tem gana e conhece sua capacidade de ir além. Nesta terça-feira (6), no estádio Al Thumama, Marrocos mostrou do que é capaz quando se está no grupo com a atual vice-campeã do mundo, a Croácia, e aquela seleção que ocupa o segundo lugar no Ranking da Fifa, a Bélgica. A merecida classificação, apesar das chances perdidas, mostrou uma mente muito fria no momento ainda mais decisivo, colocou os africanos nas quartas de final do mundial, após o goleiro Bounou defender duas penalidades e Hakimi dar uma de "El Loco" e cavar a cobrança que carimbou a vaga contra a Espanha. Dia histórico no futebol mundial baseado em desempenho.
Primeiro tempo
No início da partida, a Espanha trocava passes buscando espaço, e Marrocos jogava recuada na busca por um contra-ataque. Em das jogadas de velocidade, Boufal é derrubado e árbitro marcou falta. Hakimi foi para a cobrança e a bola passou rente ao travessão, aos 11 minutos. A Espanha respondeu com perigo aos 24, quando o goleiro tocou errado e a pelota sobrou para Ferrán Torres, que ajeitou para Gavi finalizar e Bono se recompor fazendo uma linda defesa.
Em uma de suas jogadas características, a seleção europeia teve outra chance de abrir o placar aos 25 minutos. Asensio recebeu belo passe dentro da área e finalizou na rede do lado de fora. Mesmo com pouca posse de bola, a equipe não se intimidou e chegou com perigo aos 32 minutos, em foguete de fora da área de Hakimi, onde Unai Simón espalmou para evitar o gol.
Segundo tempo
A segunda etapa manteve a tônica dos 45 minutos iniciais e a Espanha mostrou pouco repertório tático quando viu seu oponente fechar completamente os espaços tão necessários para a troca de passes frenética que caracteriza a Fúria. Com chances criadas de ambos lados, mas ora com finalizações aquém do que um momento decisivo de uma Copa do Mundo exige – como as vezes em que Cheddira desperdiçou -, ora com uma ótima exibição dos goleiros, as equipes foram para mais 30 minutos de prorrogação que desencadeou na disputa por pênaltis.
Aqui, o roteiro que apenas o futebol pode proporcionar novamente foi escrito em campo. Com a frieza necessária de quem terminou a fase de grupos da competição com 7 pontos (2 vitórias e 1 empate), à frente de seleções como o Brasil e a França, Marrocos viu Bounou brilhar e defender as penalidades de Soler e Busquets, além do chute na trave de Sarabia, o especialista em penalidades máximas, que havia entrado apenas para aquela cobrança. Símon também defendeu o pênalti batido por Benoun, mas coube a Hakimi, que é filho de imigrantes marroquinos que foram para a Espanha, mas que optou por defender o país de sua origem cavar e colocar Marrocos pela primeira vez nas quartas de final da Copa do Mundo.
Marrocos entrou hoje para um rol muito bem frequentado e se aliou a seleção de Camarões de 1990, a Senegal em 2002 e a Gana em 2010. Agora, o continente africano segue representado no Mundial e os marroquinos podem dar um passo além e se consagrar como a primeira equipe do Continente-Mãe a chegar nas disputas de uma semifinal da Copa do Mundo. Para a Espanha, que na Copa do Mundo da Rússica também saiu nas oitavas de final quando foi derrotada pela Rússia nos pênaltis, fica o aprendizado que é preciso um repertório mais robusto quando seu objetivo é estar no topo do mundo.
Próximos compromissos
Agora, os Marroquinos aguardam a definição no confronto entre Portugal e Suíça para conhecer seu adversário. O confronto das quartas de final acontece no sábado (10), às 12h no estádio Al Thumama.
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